Biografia de Tim Maia revela um carioca malandro
Sebastião Rodrigues Maia, mais conhecido como Tim Maia, nasceu no Rio de Janeiro, no dia 28 de setembro de 1942 e faleceu em 15 de março de 1998 .
A biografia de Tim Maia, que nos tempos áureos da fama gostava de incluir "do Brasil" ao sobrenome, escrita pelo produtor musical Nelson Motta é, ao contrário do que deve se imaginar, uma história triste.
Há, sim, momentos felizes, dias de festa, vitórias alcançadas, mas conhecer a fundo a história do caçula da família do dono de pensão e marmiteiro, seu Altivo, dos tempos de entregador de marmita, na Tijuca carioca dos anos 50, ao descaso dos empresários de shows, na segunda metade dos 90, desperta uma pontinha de tristeza. Motivada por algo que talvez seja egoísmo. A sensação que se tem é que o Brasil poderia ter tido mais de Tim - como é inevitável chamá-lo depois de mais de 300 páginas de história - ou mais tempo com ele. Entre gargalhadas pelas boas e muitas vezes mal-educadas tiradas de Tim, há os lamentos pelos atropelos que o fizeram perder os rumos e as rédeas da carreira e da própria vida.
Foi em 70, baseado no rythm'n and blues, que conheceu nos anos que viveu nos Estados Unidos, na soul music da Motown e no funk de James Brown, mas já miscigenado com o samba, o xote e o baião, que Tim Maia criou o soul brasileiro, nascido negro e internacional, romântico e suingado, destinado a se integrar definitivamente à melhor música popular do Brasil através de sua presença.
Presença, que depois que o sucesso bateu-lhe à porta, tornou-se para lá de imprevisível em shows e outros compromissos. Tim estourou nas rádios, era sucesso de crítica e de público em todas as apresentações na Zona Norte e vendia discos para classes de A a Z, ao mesmo tempo em que popularizava cada vez mais a fama de doidão.
Era capaz das maiores grosserias. Chamava aeromoça de aerovelha, quando lhe era recusada dose de uísque. Mandava seu dobermann correr atrás do porteiro que pediu para baixar o volume do som às quatro da madrugada, roubava táxi na porta de hotel, foi capaz de xingar uma socialite no microfone por ela ter se levantado no meio de seu show num hotel de luxo, e jogava uma saraivada de palavrões à platéia que lhe vaiava quando subia ao palco muito bêbado. Isso quando tinha condições de ir ao show. Porque nos dias do que Tim chamava de "triatlon" - uma maratona regada a uísque, maconha e cocaína -, perdia a voz e não aparecia nos shows do dia seguinte.
O lado negro que destruiu aos poucos a saúde e a carreira de Tim era sempre amenizado pelo bom humor que levava às gargalhadas até mesmo policiais que vez ou outra o revistavam. E deixava muito empresário de cabelo em pé. Como num show no Scala em que distribuiu ingressos para a área Vip entre faxineiros, garagistas e mendigos. Ou quando foi ser homenageado pela Sharp como Melhor Cantor da Canção Popular. Subiu ao microfone e disse: "À minha mãe Maria Imaculada, aos meus sobrinhos, aos padres capuchinhos e aos trombadinhas da Praça da Bandeira. Apesar de ter feito um comercial para a Mitsubishi, a Sharp mora no meu coração. Boa noite".
Aos 50 anos, Tim orgulhava-se de nunca ter ido ao médico, depois de adulto. Em março de 1998, quando os shows já rareavam e estava vetado em todos os programas da TV Globo por ter dado o cano no Domingão do Faustão, Tim subiu ao palco em Niterói sem ter bebido nem fumado maconha. Passou mal e foi levado às pressas para o hospital com uma crise de hipertensão, embolia pulmonar e parada cardiorespiratória. Dias depois, internado na CTI em coma induzido, o coração de Tim parou de bater.
Tim se dizia "preto, gordo e cafajeste, formado em cornologia, sofrências e deficiências capilares". Deixou um único herdeiro legítimo, Carmelo Maia, 32. É ele quem toma conta dos direitos autorais do pai e além da fortuna também ficou responsável por mais de 300 processos judiciais em que Tim figurava como réu, movidos por empresários, casas noturnas e músicos.
A biografia de Tim Maia, que nos tempos áureos da fama gostava de incluir "do Brasil" ao sobrenome, escrita pelo produtor musical Nelson Motta é, ao contrário do que deve se imaginar, uma história triste.
Há, sim, momentos felizes, dias de festa, vitórias alcançadas, mas conhecer a fundo a história do caçula da família do dono de pensão e marmiteiro, seu Altivo, dos tempos de entregador de marmita, na Tijuca carioca dos anos 50, ao descaso dos empresários de shows, na segunda metade dos 90, desperta uma pontinha de tristeza. Motivada por algo que talvez seja egoísmo. A sensação que se tem é que o Brasil poderia ter tido mais de Tim - como é inevitável chamá-lo depois de mais de 300 páginas de história - ou mais tempo com ele. Entre gargalhadas pelas boas e muitas vezes mal-educadas tiradas de Tim, há os lamentos pelos atropelos que o fizeram perder os rumos e as rédeas da carreira e da própria vida.
Foi em 70, baseado no rythm'n and blues, que conheceu nos anos que viveu nos Estados Unidos, na soul music da Motown e no funk de James Brown, mas já miscigenado com o samba, o xote e o baião, que Tim Maia criou o soul brasileiro, nascido negro e internacional, romântico e suingado, destinado a se integrar definitivamente à melhor música popular do Brasil através de sua presença.
Presença, que depois que o sucesso bateu-lhe à porta, tornou-se para lá de imprevisível em shows e outros compromissos. Tim estourou nas rádios, era sucesso de crítica e de público em todas as apresentações na Zona Norte e vendia discos para classes de A a Z, ao mesmo tempo em que popularizava cada vez mais a fama de doidão.
Era capaz das maiores grosserias. Chamava aeromoça de aerovelha, quando lhe era recusada dose de uísque. Mandava seu dobermann correr atrás do porteiro que pediu para baixar o volume do som às quatro da madrugada, roubava táxi na porta de hotel, foi capaz de xingar uma socialite no microfone por ela ter se levantado no meio de seu show num hotel de luxo, e jogava uma saraivada de palavrões à platéia que lhe vaiava quando subia ao palco muito bêbado. Isso quando tinha condições de ir ao show. Porque nos dias do que Tim chamava de "triatlon" - uma maratona regada a uísque, maconha e cocaína -, perdia a voz e não aparecia nos shows do dia seguinte.
O lado negro que destruiu aos poucos a saúde e a carreira de Tim era sempre amenizado pelo bom humor que levava às gargalhadas até mesmo policiais que vez ou outra o revistavam. E deixava muito empresário de cabelo em pé. Como num show no Scala em que distribuiu ingressos para a área Vip entre faxineiros, garagistas e mendigos. Ou quando foi ser homenageado pela Sharp como Melhor Cantor da Canção Popular. Subiu ao microfone e disse: "À minha mãe Maria Imaculada, aos meus sobrinhos, aos padres capuchinhos e aos trombadinhas da Praça da Bandeira. Apesar de ter feito um comercial para a Mitsubishi, a Sharp mora no meu coração. Boa noite".
Aos 50 anos, Tim orgulhava-se de nunca ter ido ao médico, depois de adulto. Em março de 1998, quando os shows já rareavam e estava vetado em todos os programas da TV Globo por ter dado o cano no Domingão do Faustão, Tim subiu ao palco em Niterói sem ter bebido nem fumado maconha. Passou mal e foi levado às pressas para o hospital com uma crise de hipertensão, embolia pulmonar e parada cardiorespiratória. Dias depois, internado na CTI em coma induzido, o coração de Tim parou de bater.
Tim se dizia "preto, gordo e cafajeste, formado em cornologia, sofrências e deficiências capilares". Deixou um único herdeiro legítimo, Carmelo Maia, 32. É ele quem toma conta dos direitos autorais do pai e além da fortuna também ficou responsável por mais de 300 processos judiciais em que Tim figurava como réu, movidos por empresários, casas noturnas e músicos.
(recebi por email)
1 comentários:
O Tim Maia foi único. Eu adoro suas músicas e seus fãs continuam curtindo sua obra como se vivo fosse.
Bela lembrança.
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